Bucólica

Na margem desta ribeira,
da vida, que desce e corre,
sem saber de ontem ou hoje,
esqueço dor e canseira,
e, mansa, minha alma dorme.

Sonhando que meus cabelos
repousam sobre teus braços
entregues a teus cuidados
e, por entre teus desvelos,
o sonho alonga seus passos,

e sonha que, nesta margem
desta serena ribeira,
suspendo minha viagem
e, em meus sonhos, tua imagem
me dá vida verdadeira.

Eis que o pássaro se esquece
do silêncio prometido.
Minha alma, acordada, vê-se
com espanto, ainda nesse
sonho de manso sentido:

à margem desta ribeira
em teu colo adormecido.

B.T.

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