Fuga para o Nada


Eu mesmo elaborei
todos os meus enclausuramentos
e participei do silêncio
nos interstícios das noites.
Em longos aprendizados
fiquei sabendo
que os vidros mais cortantes
não mais rasgam meu espírito.
Há em mim, ainda,
pedras que não foram partidas
e sementes aflitas por primaveras.
E este simulacro de proscrição,
que me faz temer cintilações,
luzes de neônio e outras claridades
é o assassino inviável
dos pálidos desejos de amor à vida.
Dias metálicos
passam sobre meu ser,
esmagam meus rumos,
meus descansos;
e a noite pedante
fotografa com infravermelho
o meu esqueleto compulsório.

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